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Quando a separação dos pais viram problemas para os filhos.

É fato que as separações conjugais no decorrer dos últimos trinta anos deixaram de despertar discriminações, críticas ou vergonha.  Assim, ganharam um espaço social importante de validação enquanto uma escolha de vida não só viável, mas, em algumas circunstâncias, uma escolha mais saudável para todos.  Este “novo lugar” também favoreceu que as separações deixassem de ser sinônimo de “acontecimento traumático”, ou seja, de uma situação que sempre traz danos, apesar de ser um processo doloroso para qualquer casal. 

Por outro lado, isto não quer dizer que os problemas deixaram de existir. Mesmo quando a decisão é encarada com responsabilidade pelo casal, muitas vezes, as crianças são as que mais sentem com a separação dos pais e os primeiros tempos de adaptação podem ser difíceis para elas. São muitas mudanças e ajustes à nova configuração.  Além da ausência de convívio com os pais na mesma casa, novos hábitos e rotinas, alterações no padrão vida e novo lugar de moradia são exemplos de acontecimentos que podem provocar conflitos e perturbações.  

Neste cenário, não é raro o aparecimento de sintomas que - também - podem ser compreendidos como a linguagem possível neste momento de angustia e de desorganização emocional.

Bebês ficam mais intranquilos, crianças menores podem apresentar atitudes e comportamentos mais regredidos (como fazer birras ou voltar a fazer xixi na cama), crianças maiores e adolescentes podem passar a apresentar problemas na escola e/ou dificuldades de relacionamento. Outras vezes, observamos o aparecimento (ou incremento) de sintomas como náuseas e vômitos, diarreia, dor de cabeça, aumento ou perda de apetite, problemas ligados ao sono, agressividade, irritabilidade, além do aparecimento de medos e inseguranças.

Obviamente, este quadro se intensifica quando os filhos tornam-se alvo das disputas e/ou “herdeiros” das frustrações dos pais, sofrendo pressões que podem ser devastadoras.

Nestes casos, a psicoterapia pode auxiliar a criança - ou o adolescente - a reconhecer e expressar seus sentimentos, suas dúvidas, fantasias e inseguranças, bem como, ajudá-los a compreender que a separação dos pais é uma escolha exclusiva do casal.  O trabalho psicológico também pode ajudar os membros do casal na condução do processo, de modo a torná-lo menos doloroso, uma vez que os possíveis conflitos tem a chance de serem mais compreendidos e, assim, minimizados.  

Importante frisar aqui que a separação é uma passagem de vida de grande importância para o casal e, sobretudo, para os filhos. Merece ser elaborada de forma cuidadosa e digna.  Portanto, não hesite em procurar um profissional caso esteja difícil enfrentá-la sozinho (a). 


Texto elaborado por Márcia Barone Bartilotti, psicóloga clínica.
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